Quando seu filho bater a cabeça, saber isto fará toda a diferença
30/04/2019 Off Por Maria Amélia M. FrancoBebês e crianças caem, dão pancadas em portas de vidro, recebem boladas na nuca… faz parte do brincar, mas é sempre preocupante. Lesões cerebrais causadas por impacto no crânio ou agitação violenta da cabeça e do corpo precisam ser levadas a sério.
Pode ser difícil identificar as sequelas naquele momento e muitas vezes a criança não percebe ou não sabe contar que algo estranho está acontecendo com ela. É o caso de distúrbios visuais após concussão.
Por isso, esta semana saiu um alerta da Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP) a esse respeito e é uma ótima oportunidade de falarmos sobre isso. É um recado aos pediatras, que são geralmente o primeiro atendimento da criança, mas você também precisa saber!
“As vias neurológicas associadas ao sistema visual estão amplamente distribuídas por todo o cérebro, portanto, não é surpreendente que muitas crianças tenham sintomas visuais após o traumatismo craniano”, explicam os doutores Darron Bacal e Christina L. Master em artigo publicado pela AAP.
Atenção aos sintomas
Se a batida na cabeça não resulta em desvios dos olhos ou perda de visão evidentes, isso não descarta a possibilidade de um acometimento visual.
Portanto, segundo os autores, os pacientes na triagem pediátrica devem ser avaliados e questionados se apresentam
- vermelhidão nos olhos,
- vermelhidão nos olhos,
- fadiga,
- dores de cabeça,
- maior sensibilidade à luz,
- visão dupla,
- visão embaçada,
- redução do campo visual,
- perda de equilíbrio e da noção do espaço esbarrando por onde passa,
- dificuldade de leitura prolongada para perto, pulando linha e perdendo a concentração. Ou simples redução da velocidade e da fluência de leitura.
São sinais relacionados à visão e aos ajustes da cabeça e do corpo, para movimentar-se de forma coordenada e estável. Porém, esses sintomas podem aparecer apenas mais tarde.
Exames aprofundados
Dificilmente um diagnóstico correto seja evidenciado em bebês e crianças menores sem um exame oftalmológico pediátrico completo. Melhor ainda se for acompanhado de uma ressonância magnética de crânio com magnificação da fossa posterior (lá onde está o tronco encefálico e de onde partem os principais comandos neuronais que atuam no movimento dos olhos, no ajuste de foco, na abertura e fechamento das pupilas). Aprendi isso com a Dra. Cláudia Dettmer, oftalmopediatra!
É preciso identificar alterações na movimentação sincronizada dos olhos, no rastreio ocular e na acomodação (que é o ajuste de foco de acordo com a mudança do olhar de um ponto próximo para outro ponto mais afastado e vice-versa).
Exames simplificados trarão um falso resultado de que tudo está bem para os pais, que podem demorar a perceber as dificuldades da criança ao longo do seu desenvolvimento e da aprendizagem escolar.
Destaco isso porque tenho ouvido relatos de pais que indicam a necessidade de uma conduta mais cautelosa quanto aos aspectos visuais para o desenvolvimento infantil. Pediatras, neurologistas e oftalmologistas gerais precisam conhecer exames que são protocolos primários para diagnósticos de alterações visuais. Principalmente, quando respondem por todo o atendimento infantil em uma região ou unidade de saúde e dele depende toda triagem.
O que fazer depois?
Dependendo do impacto e do comprometimento na área do cérebro atingida, a condição pode regredir sozinha, ainda que lentamente. Isso não descarta a necessidade de orientação pedagógica para compreensão das dificuldades da criança e da melhor condução das adaptações que ela possa requerer.
No entanto, o melhor caminho é a neuroreabilitação visual. É o que tenho estudado em neurovisão e que hoje em dia faz mais sentido para mim. A atuação nesses casos prevê uma modulação nos acessos das vias neurais, sem sobrecarregar as áreas cerebrais não afetadas. Não havendo regressão espontânea, outra possibilidade seria a terapia visual tradicional conduzida por ortoptistas, optometristas e fisioterapeutas oculares.
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Sobre o Autor
Acredito que a informação transforma vidas, e assim nasceu este blog: um projeto pessoal, que tornou-me uma pesquisadora incansável sobre visão e aprendizagem. Hoje sou neurorreabilitadora visual e visuopostural. Tenho ambliopia e isto me motiva ainda mais! Estudando o universo da neurovisão, quero ajudar pais, terapeutas e professores com medidas importantes nos cuidados com a saúde ocular, o desenvolvimento visual e a baixa visão na infância. Saiba mais sobre a autora.