Como relaxar o cérebro após estímulos visuais intensos, que estressam...
Read MoreTem um lema aqui no blog que cada vez faz mais sentido para mim: “cada caso é um caso”. Com o glaucoma na infância não é diferente. Há tipos diferentes, e condutas diversificadas em cada situação. Por isso, sempre muita cautela ao comparar casos!
Quem me ajuda a trazer esse assunto para você é a Dra. Alline Ramos. Ela é oftalmologista formada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e concluiu suas especializações em Recife. Hoje em dia, atua como oftalmopediatra em Maceió.
Pensando em glaucoma a classificação básica é quanto à causa, sendo no glaucoma primário desconhecida. Já no glaucoma secundário sabe-se a origem da doença, que pode ser relacionada a infecções, tumores, cirurgias de cataratas etc.
No entanto, falando de glaucoma na infância, Dra. Aline destaca que . “As condutas de intervenção para o tratamento da doença e para o encaminhamento de terapias de reabilitação variam com a idade”.
- Glaucoma congênito e do desenvolvimento: surgem do nascimento até os 3 anos de idade.
- Glaucoma infantil: acomete a criança entre os seus 3 e 9 anos.
- Glaucoma juvenil: ocorre entre os 10 e 30 anos de idade.
A literatura é vasta e extremamente técnica. Porém, acho importante explicar um pouco sobre os principais sintomas, e a conduta médica e terapêutica em algumas situações.
Glaucoma congênito e do desenvolvimento requerem urgência no tratamento
O glaucoma congênito primário tem relação com o aumento da pressão ocular. Isso quer dizer que existe um problema de drenagem do humor aquoso, que é um líquido que circula entre o cristalino e a córnea. Assim, afeta o crescimento natural do globo ocular e suas estruturas, e o nervo óptico (formado por fibras de células responsáveis pela visão). – VER ILUSTRAÇÃO
Já o glaucoma do desenvolvimento tem ainda alterações oculares associadas a síndromes ou outras doenças sistêmicas, que afetam vários órgãos do corpo.
“Nestes casos, o tratamento é emergencial e cirúrgico, sob risco de prejuízo visual irreversível. Se glaucoma já deve ser levado com seriedade, na criança muito mais.”, comenta a doutora, que ainda alerta: “o tratamento inadequado e/ou tardio gera anos de deficiência visual, uma vida inteira!”
Só quem já viveu isso sabe como é delicado tratar o glaucoma, desde os primeiros exames para o diagnóstico em crianças tão pequeninas. Depois da cirurgia, sempre continuam os cuidados e o acompanhamento oftalmológico.
“O controle da pressão interna do olho com um colírio próprio para o tratamento permanece por uma vida toda. Além do mais, toda criança com glaucoma congênito precisará de estimulação visual o quanto antes”, orienta.
Contudo, a especialista em baixa visão adverte que a estimulação visual em outros tipos de glaucoma é avaliada caso a caso. Não pode ir fazendo por conta, sob o risco de alterar a manutenção da pressão ocular estável!!!!
Atenção aos sinais e sintomas observados em crianças com glaucoma
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Aumento do volume do globo ocular (bulftalmo), resultando em olhos maiores
Esse tamanho de olho aumentado é um dos indicadores importantes de pressão ocular elevada. Alguns pais de crianças com glaucoma relatam como as pessoas tendem a comentar sobre “que lindos olhos grandes o filho deles tem”.
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Sensibilidade à luz (fotofobia)
A córnea é um tecido transparente de proteção que compõem a camada externa do globo ocular. Ela é afetada pelo aumento da pressão intraocular, tornando-se mais alargada e opaca. Com isso, a luz que entra nos olhos refrata de forma irregular, causando um brilho incômodo.
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Córnea opaca e azulada
Com a alta pressão do humor aquoso sobre a córnea, ela também se torna encharcada e turva.
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Lacrimejamento excessivo dos olhos
Em consequência dos danos corneais já comentados, é comum o paciente apresentar irritação e dor ocular, aumentando a produção de lágrimas.
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Olhos desalinhados (estrabismo) ou com movimentos instáveis (nistagmo)
Acontece quando há redução da qualidade de visão gerada pelo glaucoma.
Principais alterações visuais associadas ao glaucoma na infância
A principal causa de baixa visão é a morte de células ganglionares no nervo óptico, decorrentes do glaucoma. No glaucoma, há uma perda visual da periferia para o centro da visão.
“ O tratamento inadequado e/ou tardio gera anos de deficiência visual, uma vida inteira! ”
No entanto, pela irregularidade da córnea causada pelo seu inchaço e alargamento, o astigmatismo é também frequente em crianças com glaucoma. E devido ao crescimento ocular anormal, os pacientes desenvolvem alta miopia. Relacionado a isso tudo, podem inclusive desenvolver ambliopia.
Por isso, as crianças com glaucoma geralmente usam óculos e realizam tratamentos com tampão ocular, para que a visão se desenvolva igualmente em ambos os olhos.
Enfim, não pode descuidar das consultas periódicas ao oftalmologista e das condutas de tratamento!
“Glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível e PREVENÍVEL. Veja bem: prevenível, evitável! Cuide, faça tudo direitinho, não deixe de acompanhar só porque seu filho já se operou ou usa o colírio regularmente. Está funcionando? Precisa de novo colírio? Só os exames de rotina dirão”, aconselha a oftalmopediatra.
A reabilitação visual da criança com glaucoma congênito
O primeiro passo para encaminhamento a um serviço de estimulação, habilitação ou reabilitação visual deveria ser sempre a prescrição e indicação do oftalmologista que atende a criança.
De acordo com a Dra. Alline, um especialista em Baixa Visão (ou Visão Subnormal) é quem está apto a avaliar a função visual e a visão funcional da criança com glaucoma, para traçar – com a família – os objetivos a serem atingidos.
“ Quando todo o possível já foi feito, resta ainda dar qualidade de vida a essas pessoas. ”
Ela conta que os familiares nem sempre entendem como a criança consegue ler e tem dificuldade para andar e fazer as coisas sem esbarrar. O que para eles parece falta de atenção, é na realidade resultado da redução do campo de visão lateral. Em casos mais graves, a criança tem visão tubular e enxerga como se estivesse vendo por dentro de um cano de papel.
Quem chega pelos lados ou estende a mão para cumprimentar, quase nunca é percebido por que o campo de visão está bem diminuído. Por não enxergarem bem o chão, caem ou tropeçam com facilidade. Para entender tudo isso e poderem ajudar, a orientação começa pelos pais.
“Esse processo é multidisciplinar e envolve terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, pedagogos etc. Bebês e crianças pequenas com glaucoma congênito podem desenvolver seu potencial de visão com estimulação visual. Outras, aprenderão a fazer o melhor uso da visão que lhes resta na escola e em atividades de vida diária, ganhando autonomia. Com as adaptações e recursos ópticos necessários e ensinamentos para sua orientação e mobilidade”, explica.
Percebo que nem sempre essa é a realidade, mas cabe também aos pais questionarem sobre isso, pedirem orientação e indicação de profissionais. Dizer que querem mais que o simples tratamento!
“Muitos médicos desconhecem o que a estimulação e reabilitação visual podem fazer por seus pacientes. Na faculdade e residência são treinados a TRATAR. Esquecem que quando todo o possível já foi feito, resta ainda dar qualidade de vida a essas pessoas. Devolver-lhes o sorriso e a vontade de viver. Ensinar a criança que ela pode E DEVE fazer tudo o que ela desejar, e dar as condições para isso”, desabafa.
SERVIÇO
A Dra. Alline Ramos faz parte do Projeto Internacional de Baixa Visão (Sight First) -, com a Fundação Altino Ventura de Recife – (grande referência no assunto). Por meio dessa ação, especialistas do Norte e Nordeste, um em cada estado, é responsável por estimular, habilitar e reabilitar a visão de crianças e adultos. Em Alagoas, a oftalmopediatra é representante do projeto pela APAE AUDIOVISUAL, que segundo ela presta atendimento pelo SUS sem muitas burocracias. Em consultório, realiza atendimentos a crianças com baixa visão, e orientação aos pais em pareceria com uma terapeuta ocupacional.
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Read MoreSobre o Autor
Acredito que a informação transforma vidas, e assim nasceu este blog: um projeto pessoal, que tornou-me uma pesquisadora incansável sobre visão e aprendizagem. Hoje sou neurorreabilitadora visual e visuopostural. Tenho ambliopia e isto me motiva ainda mais! Estudando o universo da neurovisão, quero ajudar pais, terapeutas e professores com medidas importantes nos cuidados com a saúde ocular, o desenvolvimento visual e a baixa visão na infância. Saiba mais sobre a autora.