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Read More100% das crianças com síndrome de Down não veem com nitidez
20/03/2018 Off Por Maria Amélia M. FrancoO que pais, terapeutas e professores devem saber sobre o desenvolvimento visual e as alterações oculares de crianças com síndrome de Down?
Muita coisa, mas não é o fim! Quando você estuda e conhece o assunto, fica mais fácil lidar com cada situação no momento certo. Saber só vai ajudar você e, por isso, hoje destaco aqui os principais aspectos de um extenso trabalho de investigação da unidade de pesquisa sobre a visão da criança com síndrome de Down, da renomada Universidade Cardiff, na Inglaterra.
Afinal, a visão da criança com a trissomia do 21 tem importante influência em seu desenvolvimento motor e cognitivo e é chave no processo de aprendizagem. Assim como para qualquer outra criança, claro!
Incidência de problemas oculares em crianças com síndrome de Down
Crianças com síndrome de Down têm 10 vezes mais chances de precisar usar óculos e a incidência de estrabismo é 7 vezes maior do que nas crianças sem a alteração genética. Além disso, cerca de 76% dessas crianças têm capacidade de acomodação ocular reduzida. Isso quer dizer, que a grande maioria tem dificuldade de ajustar o foco para ver de perto.
O movimento involuntário, contínuo e irregular, dos olhos chamado nistagmo incide em aproximadamente 15% dessas crianças. O nistagmo pode surgir logo após o nascimento ou nos primeiros meses de vida, assim como a catarata. A opacidade do cristalino, conhecida como catarata, é ainda mais frequente quando adultos e surge mais cedo do que para o restante da população.
Na adolescência, uma alteração na curvatura e na espessura da córnea chamada ceratocone pode começar a se manifestar. Estima-se que está presente em 10 a 15% dos adultos que tem a trissomia do 21. A visão fica distorcida em função de um astigmatismo irregular causado por essa condição da córnea. O instinto de esfregar ou coçar os olhos só tende a piorar.
Ainda, desde o nascimento, é preciso ficar de olho na ocorrência de obstrução do canal lacrimal e de infecções como conjuntivite (na membrana que envolve o globo ocular) e blefarite (na pálpebra, junto aos cílios). São bem comuns, razão de visitas recorrentes ao oftalmologista, mas simples de tratar.
E mais: todas as crianças com síndrome de Down não percebem detalhes com nitidez e têm percepção de contrastes reduzida. Assim como têm mais dificuldades em discriminar variações sutis de cor. Mesmo com uso de óculos.
E agora, o que os pais podem fazer?
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Oftalmo em dia
- Mantenha sempre as consultas oftalmológicas em dia e quando notar qualquer alteração ou dificuldade visual antecipe o retorno. Agende o primeiro exame até os 3 meses de idade e depois por volta do 6° mês. Então, avalie com o médico a periodicidade dos retornos.
O recomendado é que até completar 2 anos as visitas tenham um intervalo de 3 a 6 meses. Entre 2 e 5 anos, as consultas devem ser semestrais, e após essa idade, anuais (se os erros refrativos como miopia, hipermetropia e astigmatismo estiverem estáveis). - Dê preferência a um oftalmopediatra. Ele trabalha com uma grande variedade de testes disponíveis e ampla prática no atendimento de crianças, o que pode ajudar!
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Óculos ajustados
- Prepare-se para investir em óculos e para enfrentar as dificuldades de encontrar um que se ajuste bem. É provável que seu filho use as armações desde pequenino. Conforme cresce, logo ficam pequenas. Sem contar a evolução do grau dos erros refrativos, que demandam novas lentes.
O mais chato é que quase não há marcas de óculos infantis que encaixem perfeitamente no rosto das crianças com síndrome de Down (com plaquetas e hastes flexíveis é melhor). Já ouvi indicações dos óculos da TomatoKids. A ONG Movimento Down recomenda a marca Specs 4 Us. Muitas mães adotam armações de silicone (ou Grilamid), próprias para crianças. Há plaquetas de silicone que são vendidas para encaixar em algumas armações. E o uso do stopper (uma trava de silicone colocada na haste atrás da orelha) pode ajudar a manter os óculos no lugar. Enfim, vale experimentar se a ótica tiver. As lojas com espaço especializado em armações infantis têm geralmente mais opções! - Com os óculos bem prescritos e ajustados a qualidade de vida é outra! Questione o oftalmologista sobre o uso de lentes bifocais para crianças com a síndrome em idade escolar. Atualmente já tem sido discutido isso nos meios técnicos da área oftalmológica. Elas seriam uma alternativa para diagnósticos de miopia junto com a dificuldade de foco (acomodação) para perto, gerando mais conforto ao ler no quadro e copiar no caderno, por exemplo. Porém… os óculos precisam estar “encaixadinhos” no rosto!
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Estimulação precoce
A estimulação precoce só vem a agregar, incluindo a estimulação visual! Pensando nisso, opte por objetos coloridos, com contrastes, brilhos e luz para fazerem parte do pacote de estímulos do seu bebê. E converse com o oftalmopediatra sobre a reabilitação visual ou exercícios ortópticos no caso do diagnóstico de estrabismo, catarata, nistagmo e ambliopia.
Professores, agora é com vocês!
Se você tem alunos com síndrome de Down, não generalize e pense que qualquer dificuldade de aprendizagem pode estar relacionada a outras condições sem nem mesmo considerar um problema de visão.
As habilidades visuais como enxergar com nitidez de perto e de longe, ter controle do movimento dos olhos, convergir para focar um ponto próximo, ver em 3D, perceber contrastes e cores são muito demandadas em sala de aula. Observe o aluno e alerte os pais!
Não ver com nitidez, nem perceber nuances de cor e contrastes é uma situação comum mesmo com a correção dos óculos. Isso quer dizer que grande parte da atividade escolar será mais difícil, porque ler e escrever demandam boa discriminação visual.
Além do mais, é natural que a criança com nistagmo compense o movimento com a inclinação da cabeça de forma que ela vê melhor. Assim como aproxime bem os olhos do brinquedo ou do livro. É preciso entender e não tentar corrigir. E saber que será ainda mais difícil se concentrar e ver nessas condições.
Por isso tudo, vale a pena conhecer como você pode favorecer o aprendizado dessas crianças. Confira dicas do que você pode fazer para a inclusão de alunos com essas dificuldades visuais.
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Read MoreSobre o Autor
Acredito que a informação transforma vidas, e assim nasceu este blog: um projeto pessoal, que tornou-me uma pesquisadora incansável sobre visão e aprendizagem. Hoje sou neurorreabilitadora visual e visuopostural. Tenho ambliopia e isto me motiva ainda mais! Estudando o universo da neurovisão, quero ajudar pais, terapeutas e professores com medidas importantes nos cuidados com a saúde ocular, o desenvolvimento visual e a baixa visão na infância. Saiba mais sobre a autora.