O estrabismo nem sempre é evidente! Saiba como identificar, consequências e tratamento

14/05/2017 6 Por Maria Amélia M. Franco
O estrabismo nem sempre é evidente! Saiba como identificar, consequências e tratamento

Você sabia que nem sempre é fácil observar o estrabismo infantil e que existe um falso estrabismo que engana muitos pais e palpiteiros de plantão?

Pois é, aqui vou explicar para você direitinho e falar sobre causas, consequências e porque o tratamento do estrabismo o mais rápido possível é tão importante para o desenvolvimento da visão.

O que é estrabismo e como diferenciá-lo do pseudoestrabismo?

Eu gosto de exemplificar que o movimento dos olhos deve ser como o de uma dupla de nado sincronizado, em perfeita sintonia. Mas, quando os olhos não estão paralelos e eles deixam de trabalhar como um time, observa-se um desvio, caracterizando o estrabismo.

O que acontece é que os olhos ficam desalinhados, um deles desvia enquanto o outro fixa o olhar em um ponto ou objeto. Geralmente porque há uma falha no controle neuromuscular do movimento dos olhos, ou um erro refrativo (grau) que dificulta a manutenção do foco, ou alguma condição que impeça a formação da imagem na retina.

Às vezes o olho converge em direção ao nariz, ou diverge “para fora”, ou está mais acima ou abaixo. Ou ainda, tem desvios horizontais e verticais associados.

Essa condição pode ser permanente ou acontecer de vez em quando (intermitente), sendo na maioria dos casos facilmente observada.

No entanto, se o estrabismo for latente, isso se observa apenas quando a visão de um olho é bloqueada alternadamente, durante testes oftalmológicos. Por isso, muitas vezes sem os pais notarem, a criança se queixa de dores de cabeça e demonstra fadiga ao fazer uma atividade que demande coordenação motora fina ou ao ler, porque sua visão fica instável e tremida.

Em geral, o que chama a atenção é a questão estética, porém a preocupação primordial é garantir que as funções visuais sejam preservadas para o pleno desenvolvimento da visão.

Funções visuais

  • localização
  • contato visual
  • fixação
  • focalização
  • seguimento horizontal e vertical
  • manutenção da fixação
  • orientação espacial
  • noção de profundidade
  • abrangência do campo visual
  • percepção de cores
  • percepção de contraste
  • coordenação visomotora

Na dúvida, melhor consultar quem sabe! Por isso, agende o exame de vista pediátrico. Até os três anos de idade, os olhos devem ser examinados pelo oftalmologista ao menos duas vezes ao ano.

Incrível infográfico

Descomplicamos e ainda explicamos de forma simples sobre os tipos de estrabismo, com um resumo das principais causas, queixas e consequências.

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O que acontece quando a criança tem estrabismo?

Para que a criança enxergue bem, seu córtex cerebral precisa receber de cada olho imagens simétricas e nítidas, e ser capaz de realizar a fusão delas. Para isso, ambos os olhos precisam focar juntos um mesmo ponto, mas isso não acontece quando os olhos estão descoordenados.

Então, com estrabismo não há fusão, sem fusão ou o cérebro emite duas imagens e a pessoa vê dobrado, sobreposto, ou suprime uma delas.

Mais comum na infância, o cérebro opta pela imagem do olho dominante e suprime a do olho desviado, que atrofia pelo desuso (ambliopia). Com um olho em desuso, perde-se a visão binocular. Sem os dois olhos funcionais, perde-se a capacidade de ver em três dimensões, a criança não adquire ou perde a noção de profundidade e de distância. E ela também tem o seu campo de visão reduzido e a percepção espacial comprometida.

Além disso, você pode notar um movimento anormal da cabeça, que a criança faz de forma inconsciente para compensar o desvio: leve giro e inclinação da cabeça, posicionando o queixo para cima ou para baixo. O que parece desconfortável para você, na verdade é uma forma de trazer mais conforto visual para ela.

O que causa o estrabismo?

Na maioria dos diagnósticos o estrabismo não tem causa identificada, e a criança com antecedentes familiares (pais ou irmãos estrábicos) tem mais chances de ter também. Esse é o caso da Ceci, minha filha.

Mas é claro que por trás da ausência de coordenação ocular, há distintos problemas neurovisuais, com potencial redução da acuidade visual.

Essas doenças estão muitas vezes relacionadas a danos cerebrais que impactam no controle oculomotor, ou danos nos músculos dos olhos ou nos nervos que comandam esses músculos. Isso leva a diferentes condutas de tratamento, clínico e/ou cirúrgico, podendo ou não preservar ou reabilitar a visão. Como diz o ditado, cada caso é um caso!

DOENÇAS E CONDIÇÕES GENÉTICAS ASSOCIADAS AO ESTRABISMO

  • Nascimento prematuro ou baixo peso ao nascer
  • Hipóxia (falta de oxigenação durante o parto)
  • Erros refrativos não corrigidos, como hipermetropia, miopia ou astigmatismo
  • Baixa visão em um dos olhos em razão de catarata, retinopatia da prematuridade, cicatrizes da córnea, tumor ocular, entre outros
  • Ambliopia (olho que deixa de enxergar pelo desuso)
  • Paresia e paralisia cerebral
  • Paresia dos músculos oculares
  • Traumas cranianos e oculares
  • Tumor cerebral
  • Ptose grave (quando a pele da pálpebra cobre parte do olho
  • Síndrome de Down
  • Síndrome de Duane
  • Síndrome de Brown
  • Síndrome de Moebius
  • Outras doenças sistêmicas, genéticas e neurológicas

Como é o tratamento para estrabismo?

O tratamento varia de acordo com o tipo de estrabismo e a idade da criança. Ou seja, caso a caso.

Porém existem alguns padrões que envolvem correção de grau e uso de óculos e lentes para conter os desvios; tratamento de ampliopia e melhoria da função sensório-motora com tampão; e procedimentos cirúrgicos para alinhamento dos olhos.

A tendência é que a intervenção precoce produza um bom alinhamento e iniba a ambliopia, mas nem sempre a perfeita visão tridimensional é obtida.

TRATAMENTO

  • Quando há erros de refração, como hipermetropia e miopia, causando o desvio do olhar, o primeiro passo é a correção do grau (óculos ou lentes).
  • A intervenção cirúrgica deve ser prescrita com cuidado, para que o foco seja a preservação da visão e não apenas o fator estético.
  • A ambliopia, independente de ato cirúrgico, é comumente tratada com oclusão, estimulação ou terapia visual.
  • Há estrabismos que têm indicação de tratamento com terapia visual.
  • Alguns tipos de desvios podem ser contidos com prismas (colocados em lentes de óculos), em outros é necessário o alinhamento com cirurgia – é recorrente a necessidade de mais de um procedimento cirúrgico.

Obs.: Estrabismo tem várias nuances e a conduta de tratamento varia bastante. Não apenas pelo tipo, mas pela linha de atuação do oftalmologista. Lembrando que é um problema sensório-motor que acontece no cérebro, não simplesmente ali no olho…

Estrabismo fisiológico

Se o bebê até seus 4 meses apresentar desvios esporádicos no plano horizontal, para dentro ou para fora, basta monitorar. Isso é conhecido como estrabismo fisiológico e acontece porque a visão binocular ainda está em desenvolvimento nessa fase.

Já se você notar que os desvios são frequentes ou permanentes, mesmo que nos primeiros meses de vida, é sinal de alerta. Assim como qualquer desvio após o 4º. mês.

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Falso estrabismo

Tem criança que parece estrábica, mas não é!

Isso acontece quando a prega de pele da pálpebra é um pouco maior, cobrindo parte da esclera (o branco dos olhos). Usualmente cobre o canto interno do olho, a criança tem a ponte nasal plana, a base do nariz mais alargada e/ou a distância entre os olhos menor. Essas características aparentam um estrabismo convergente, porém se atenuam ou desaparecem com o crescimento da criança.

Outra forma de pseudoestrabismo, menos recorrente, é quando a distância entre as pupilas é maior e os olhos parecem desviar para fora. Em ambos os casos, o exame oftalmológico revelará o reflexo simétrico da luz nas pupilas, descartando a suspeita de estrabismo.

Assim, quem tem que diagnosticar se é ou não falso estrabismo é o especialista. Afinal, há casos em que a criança tem as características faciais comuns ao pseudoestrabismo e ainda tem estrabismo de verdade, mesmo que seja incomum. Vale consultar!

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